Um rio de palavras e sons Nana Mouskouri
- Cantora Grega. Iniciou sua carreira como cantora clássica e seu amor pelo popular levou-a à musica contemporânea. Nana Mouskouri é a cantora que vendeu mais discos na história da música; recebeu o maior número de discos de ouro, platina e diamante; tem o maior número de discos gravados e provavelmente é a que tem feito o maior número de turnês. (netsearch) 
Vitória, a capital do meu estado, é cercada por morros, uma ilha linda que costumo comparar ao Principado de Mônaco. Do bairro onde eu moro, nem tão longe assim, posso ver as luzes se acendendo de noitinha, fazendo com que os dizeres do início dos anos 20 a chamem de cidade-presépio. Vejo o mar e a ponte que me encanta; ela me leva ao “outro lado”; não é apenas um caminho em cima do mar. Ouço os primeiros acordes de vários sons: o pastor que insistentemente chama os fiéis, o som estranho do funk, o sino de uma igreja tocando – um sino... que coisa incrível!
Quando Rayna esteve aqui, na semana passada, tive que transferir as minhas “ticuninas”, – dois periquitos australianos super simpáticos para a área de serviço, porque de manhã cedo, com exata hora marcada, eles começam uma festa de sons que me enternecem. Não ligo nem um pouco se incomodam ouvidos mais sensíveis.
A denominação “Ticuninas” foi gentilmente cedida pela mente linda de Marilda Mucci, (Lavienrose) minha amiga do coração, numa brincadeira de somar “os-pássaros-com-Nina”, querida companheira. Pra que minha Rayna pudesse dormir, Nina ficou de guarda, aos pés de sua cama, sem abandonar o pãozinho que adora e esconde pelos cantos da casa, enquanto as Ticuninas se mudaram para a área de serviço, não sem antes receber as minhas explicações e desculpas.
Os sons que me chegam me fascinam. Até o silencio me enternece... e como! Nos últimos anos eu tenho treinado minha habilidade de ouvir todas as músicas que o tempo não me deixava. Eu era tão loucamente apaixonada que o percurso de algumas milhas até o meu trabalho só dava tempo – e lugar – ao som de Bruno e Marrone – aquele disco acústico até hoje soa em cada poro do meu corpo (e alma). As letras de musica de quem está apaixonado gritam ao coração, faz-nos bobos e bobas. Depois que a paixão passa, (e vai literalmente embora, não porque a gente queira, de verdade ) fui em busca de sons que me acalmem e amenizem a saudade, ajudando-me a encontrar respostas que nunca virão. Tinha uma música que era um verdadeiro poema sensual – “gosto quando suas mãos vem passear no meu corpo”, dizia a letra e o coração nem pensava, antes de continuar a bater desenfreadamente.
Nana Mouskouri começou a entrar no som do carro quando comecei a subir o Convento todas as quartas de tardinha, lugar onde encontro paz para escrever. Devagar comecei a pesquisar todas as musicas que ela cantou para que o mundo inteiro ouvisse. Hoje tenho toda a sua discografia e escrevo agora com a voz dela a me guiar as palavras e o pensamento e aprendo a jogar saudade fora. Já estou "quase" boa! Meu sorriso voltando...
A sensibilidade que temos não pode ser retirada de nós, jamais. Algumas pessoas me chocam por ser tão agressivas. Outras, ainda mais pela falta de amor , de respeito e entrega, não importa de que maneira. Podemos ter um amor verdadeiro e não necessariamente precisa ser humano. Podemos nos entregar a uma causa, amar as imensas hortas que se formam em nossa terra. Podemos cultivar orquídeas ou varrer o chão de uma igreja. Podemos sentir uma emoção indescritível ao ver um velho sorrir ternamente ou uma criança ganhar um pacote de biscoitos sem que precise pedir. Podemos rezar alto ou baixinho, mandar beijos para o ar para quem amamos, mesmo de longe e que nunca mais veremos em vida, porque são intocáveis.
Passou um rio por aqui... de palavras e sons.
Bom domingo, Nega querida, fique boa logo...
Imagem: gif que ganhei de presente.
Musica de Nana Mouskouri, em "Fields of Love"
Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 13/06/2010
Alterado em 29/12/2010
