Porque eu permito!

Tenho ouvido muito esta expressão – “Porque você permite!”. Mas cá pra nós, como é que se faz para não permitir mais? Digo, assim, categoricamente:  Basta!  -  Mesmo que eu não queiramos, sempre tem alguém para dar uma bela cacetada no alto (e dentro) da nossa cabeça. Se eu fosse contar as vezes que eu “permiti”, chegaria no meio deste texto e vocês já estariam cansados. Sempre fui muito submissa e não gosto muito de brigas, apesar de lutar ferrenhamente para atingir meus objetivos. Teimosa como uma “mula empacada”, enfrento tempestades, sol quente, mornos dias, frio intenso, qualquer situação difícil, com altivez e humildade. Sempre acredito que “amanhã” será um dia melhor...Mas tem uma hora que não dá, né? Você explode e manda a pessoa catar uns coquinhos na praia... Você vai enchendo o copo de decepções, mentiras, amarguras, traições... e um dia ... pluft! Transborda! E daí? Adianta alguma coisa eu dizer bem alto : Basta! -  Nadinha... tudo continua exatamente igual. Eu não permito mais e a pessoa ri na minha cara. Aí, tento contemporizar, dialogar. O “diálogo” vira um monólogo para surdos e eu visto o nariz de palhaça numa boa.

Quantas vezes você já viveu esta situação? Ah, umas duas sim... todo mundo tem seu dia de vitórias e de derrotas.  Pense comigo... até quando nós vamos “permitir” que alguém que amamos nos pisoteie, use, abuse, negue e nos chame de mentirosos? Não há divã de analista que resolva...

Para que não se permita mais, o “basta” não é suficiente. É necessário, sim, atitude mais drástica, cortar o mal pela raiz, como diziam os antigos. A única que eu conheço é o silêncio.

(Texto encontrado dentro de um caderno de anotações, que escrevi em 1998 e que tenho o prazer de repassar hoje, dez anos depois).

Ilustração: o silêncio do vôo (net)