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Textos


Não fui eu...

 


Acordei pensando em algumas coisas... Ninguém sai saltitando nas calçadas contando pra todos que é feliz, que adora flores, que brincou de boneca, rodou pião, foi na feira da cidade pequena às seis da manhã, só pra sentir o cheiro das hortaliças. Ninguém sai passeando com um sorriso aberto, nem sai beijando as margaridas recém-plantadas no jardim da praça. Ninguém se lembra que os velhinhos adoram jogar “bola de pau”, que existem pessoas que ainda varrem quintais com vassouras feitas de galhos. Ninguém conta que acabou de aprender a fazer macarrão em casa, que lavou as roupas com cuidado e colocou um amaciante que é um sonho, que seus lençóis cheiram a orvalho em noite de lua. Ninguém diz “Bom dia, amigo Sol!” ao acordar e se espreguiçar na varanda de casa, de braços abertos para a vida. Ninguém conta que encheu de beijos a pessoa amada, que acariciou seu filho pequeno, que espalhou moedas pelos caminhos, que conversou com o cachorro.

“Ninguém”... Bom, talvez uns “alguns” ainda são os bobos que fazem isso. E os "espertos" riem desses alguns.


Pelo contrário, o que ouvimos são notícias que nos chocam, que nos deixam estarrecidos diante de  mentiras deslavadas, desculpas e tanta sujeira que se vê por aí. Os pobres continuam pobres e os ricos estão preocupados com o sabonete de frutas que acabou de ser lançado no mercado. Ligamos para os amigos e só o que ouvimos são reclamações e comentários que nos causam tristeza e dor. Como podemos ser felizes? Sinceramente, não sei.


Já que estou pensando alto, fico a imaginar o que se passa na cabeça de uma pessoa que finge ajudar uma família inteira chacinada e ainda põe fogo na casa, para não deixar vestígios. Penso na minha amiga que foi para a sua aula de pós-graduação nesta sexta-feira e até agora só o que foi encontrado foi o carro dela sujo de lama numa estradinha de barro. E no nosso amiguinho que foi assaltado e sua execução foi gravada pelo celular... e somente muitos dias depois o irmão descobre o que se passou ao manusear o aparelho... Fico pensando na menina que logo será apenas mais uma, dentre tantas pessoas que morrem e a impunidade reina. Estou extremamente cansada de tanta falta de respeito ao ser humano. Há de se pensar seriamente porque as pessoas não tem mais a quem recorrer quando precisam, de verdade.


Não é que eu queira que o mundo seja feito de flores, é claro que a maldade e a bondade andam juntas...

Mas, pra dizer a verdade, eu sou uma boba. Só falta colocar um chapéu de palhaço e sair andando pelas ruas. Mas aí, vão me chamar de louca...


Mundo perdido, isso sim!

 

Domingo, 22 horas, antes de dormir


 

Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 21/04/2008
Alterado em 25/06/2008


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