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Textos


Pequenas diferenças

 


Ouvi falar em reciprocidade, pela primeira vez, no meu trabalho. Há muitos anos! Era o “toma lá, dá cá” das relações dos bancos com as grandes empresas. Era um termo novo, que me encantava... imagina, a folha de pagamento da empresa ia pro banco tal e, em troca, o banco não cobraria taxas. Tudo que é novo me fascina... não só a mim.


Isso me fez lembrar aquela experiência de uma grande amiga. Um dia, uma mocinha magrinha e bonita bateu à sua porta. Queria um trabalho. A minha amiga ficou muito feliz, pois havia se mudado há pouco e ainda não tinha alguém para ajudá-la no serviço da casa. A mocinha foi conquistando todos da família. Aprendeu a fazer pratos deliciosos, a casa sempre tinha um cheiro gostoso, tudo muito limpo. E como era muito bonita, foi aprendendo a se cuidar melhor. Minha amiga nunca mais procurou algo que não encontrasse. As roupas eram cuidadosamente guardadas. Nunca faltou uma sopa de legumes na geladeira, pois ela vivia de regime. E a amizade da menina era algo que Deus tinha enviado para minha amiga, recém-separada, ainda vivendo o drama de acabar um casamento de muitos anos.


Um dia, minha amiga notou que a mocinha tinha muito interesse em aprender. Incentivou a menina a ir para uma escola de informática. O resultado foi fantástico! Com o tempo, ela foi adquirindo pequenos prazeres, dentre eles, um computador, um celular, um ipod, uma câmera digital, tudo comprado à prestação. Voltou para a escola, concluiu o segundo grau! Minha amiga nem podia acreditar que aquela menininha magrinha tinha crescido tanto. E era tão amiga... tão boa!


Com o tempo, a presença da menina não era mais tão necessária. Minha amiga sugeriu que ela arrumasse um emprego melhor, onde pudesse desenvolver mais a grande habilidade em lidar (bem) com a vida. Estava pronta. Ficou combinado que ela ia fazer o serviço da casa três vezes na semana, quando terminasse o trabalho no novo emprego, que era das 7 às 2 da tarde.


Minha amiga estranhou que, já na primeira semana no novo trabalho, a menina não foi ajudá-la no serviço de casa. 
A menina tão querida nunca mais apareceu... deixou minha amiga com tristeza no coração e uma pequena pergunta, que ela se faz todo dia:


- Qual é a diferença que existe entre reciprocidade e ingratidão?

Como dizia minha querida Bá : "Não te faças de mel que as abelhas te comem".

Dez anos se passaram,  desde o dia em que  a garota tornou-se "filha" da minha amiga.  Mas o que importa é que cada uma  deu o melhor de si, enquanto  se ajudavam , em reciprocidade...

Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 22/03/2008
Alterado em 25/06/2008


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