| Nos braços de Deus Hoje acordei com uma notícia triste. Meu amigo se foi. Misturo minhas lágrimas entre tristeza e alegria. Dos pacientes a quem me dedicava, eu tinha especial carinho por ele. Era um homem bonito, alto, cabelos grisalhos, no auge dos seus 59 anos, casado com uma pequena grande mulher, Regina. Nos dois anos da grave doença que o consumiu, ela nunca saiu do lado dele. Se eu perguntava como ele estava, nas centenas de interurbanos entre nós, ela dizia : "Graças a Deus", como se esta pequena frase amenizasse a dor. Meu papel, como voluntária no grande hospital, era entrar nas filas para os remédios dele e de outros pacientes. No começo, eram remédios simples. Ao final, 90 mg de morfina de quatro em quatro horas era como se fosse um copo de água. Eu sentava num banquinho e ficava segurando as grandes mãos dele. Quando ia embora, ele beijava as minhas. Chegando a hora de ir para casa, porque nada mais havia a ser feito, fui visitá-lo uma vez, a 380 km de Vitória, há cerca de dois meses. Fiquei impressionada. Aquele homem que um dia teve 120 kilos levantou-se de sua cama (já com 40kg) e, abraçado à sua Regina, deu-me adeus da porta de sua casa. José Antonio Rezende Ferreira, descanse. Nunca vou me esquecer a lição que aprendi com você, meu amigo. Abaixo o pensamento que coloquei aqui em abril deste ano. Que quem o leia possa refletir sobre o valor da vida. Pensamentos, 115 Demonstrar que eu me importo é uma maneira de colocar-me disponível para dar o melhor de mim, mesmo que seja uma situação muito difícil... Quando ofereço a minha colaboração devo estar pronta para ajudar de verdade e não apenas por simples oferecimento. Tem que ser pra valer... é assim que se consegue se achegar e ganhar a confiança de quem precisa de verdade. Para isto, basta querer. (Para J.A. - um vencedor) |
| sunny lóra |
| Publicado no Recanto das Letras em 26/04/2007 Código do texto: T464683 |
