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                                                            Retratos da cidade, IV 


Do meu morar até a cidade, não dá para ouvir uma canção sequer. Logo, o som que adoro fica para uma outra vez, escondido no porta-malas do carro. (Egoísta ! Tenho carro para passear!) E chego ao centro da cidade que eu tanto amo. Um monte de gente, que chora, sente fome e ri da vida. Carro mal estacionado, vou à procura de trincas para minhas portas – e encontro exatamente o que eu queria. (Egoísta! Tenho casa própria!). Logo acho girassóis de pano, lindos, pra varandinha, onde a Lua eu gosto de vislumbrar, lá de onde mora o meu amor, onde ela nasce... Um patinho azul, três vestidos de verão, um pra mim e dois pra minha irmã. (Egoísta? Nem tanto... reparto...). Para ajudar aquela senhora, que eu adoro, compro três pares de brincos: um de Lua, outro de Lua e outro : de Lua. (Egoísta? Que nada...ajudei...). Foi decidido, pelo dono da loja, dispensar o trabalho do locutor. Ele só fazia um barulho infernal e quem compra... compra! Meus pés doem... de chinelos de dedos da moda... (Egoísta! Podia andar descalça por não ter sapatos...). Quase uma da tarde, que fome! Tontinha, um ET na cidade, nem vejo mais nada: mas enxergo, ainda, aquele homem sozinho, da Banca de Revistas. Ele mudou a flor que a enfeita: uma samambaia verdinha, sobrevive ao caos de asfalto, óleo, fome, dor, mendicância, bem no meio da ilha... (Egoísta... sou?)

Jan13,2007





Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 16/01/2007
Alterado em 25/06/2008


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