O que faço comigo

Os sons que os meus “ticunins” produzem me avisam que é hora de acordar. Adoro a bagunça que eles fazem. Estão sempre atentos à minha presença e, com Nina, mostram que a vida está pulsando em todos os sentidos, mesmo que muitas vezes somos obrigados a senti-la com menos intensidade.

Pra dizer a verdade, quem é que realmente ama o domingo? É dia de ver o relógio se espreguiçar antes de mudar o ponteiro para mais um minuto. É dia de silencio no bairro, na cidade. O burburinho estará dentro das igrejas e dos shoppings, onde crianças acompanhadas de mamães e papais aproveitam cada momento e ganham todos os mimos que lhes são permitidos.

Eu adoro os dias de semana, como a maioria das pessoas. Em dias assim vemos pessoas apressadas, bonitas, feias, gordas, alegres, tristes, simpáticas, fechadas.  Dia de semana é dia de comer pizza, bater um papo, aproveitar aquela sessão de cinema depois do trabalho, dormir cedo. Os domingos passaram a ser reservados para nós mesmos. Eu me lembro que íamos almoçar macarrão, galinha ensopada e maionese na casa de amigos e parentes. Manjar dos deuses! Vínhamos para casa e tirávamos uma soneca de tarde, pra depois, mais de noitinha, colocar as crianças no chão com seus brinquedos e assistir o “Fantástico”, quando podíamos chamar o programa desse nome. Passou... Para tudo que passa fica uma lembrança. Eu tenho preferência pelas boas, que são muitas.

Não viajei neste feriado porque estou programando uma visita às Minas Gerais no próximo mês. Mas eu fiz um monte de coisas legais...Nossa ilha tem um sol cheio de cores, é linda e eu pinto o sol em sua aquarela com as cores de minha sensibilidade.

Renata e eu fomos até o pólo de confecções da Glória, onde existe um shopping a céu aberto, com tudo que possamos sonhar, vaidosas mulheres que somos. O odor do perfume amadeirado de minha amiga deu origem a descobertas! As pessoas que usam perfumes fortes são resistentes, firmes, diz ela. As que gostam dos florais e perfumes fraquinhos são mais simples, sonhadoras. Ela não sabe, mas no sábado corri para comprar um “dolce”, delícia de perfume, deixando as fragrâncias suaves para outro dia. Eu me senti uma fortaleza com o vidro vermelho dentro da sacola. Pra dar mais força ao que ela disse, borrifei um tiquinho em mim antes mesmo de chegar em casa.

Compramos algumas peças e eu descobri que para ter um vestido novo a gente pode virar modelo de passarela e se divertir muito! Eu adorei ver a minha amiga experimentar exatos oito vestidos. A cada um que vestia, sorrisos e caras de quem tem que desistir, por causa do preço. Não é todo dia que se lança um livro e o vestido dela é tão bonito quanto “Arcano Dezenove”, (*) quase pronto para o nosso encontro no dia 12.

De almoço, suco de graviola e pão de queijo. Sapatos, pijaminhas, vestido novo nas bolsas, voltamos felizes, como se tivéssemos ido a “Ocean Drive” em Miami. Minha querida amiga voltou para seu amado Luiz e seus gatinhos, mais parecendo uma garotinha ganhando ovos de Páscoa de chocolate.

Fui à igreja na sexta e chorei, como sempre, quando me aproximo muito de Deus.  Lágrimas à parte, assisti “Rio” com uma platéia de pequeninos atentos à beleza das duas ararinhas. Que fofura... A cada cena, ouvíamos uma gargalhada sonora ou um suspiro. Amei.

Pacientemente confeccionei oitenta convites para o nosso Encontro em Maio. Cada convite cortado com tesoura. Por oitenta vezes quatro lados de cada convite, eu pensei seriamente no que era a minha vida antes do site social que eu amava tanto, quando colocava apenas as minhas simples poesias com imagens emprestadas e ganhava muitos, muitos abraços e amigos verdadeiros, que guardo do “lado esquerdo do peito”.

Bom domingo de Páscoa!


Imagem : Nina - Scrapeet.net 

 (*) Arcano Dezenove, Renata Bonfim, Editora Flor&Cultura, 2011