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Textos




 
Querido Diário,



                         Os nossos sentimentos são primordiais
                                                                 para que a vida siga o seu caminho.

 
 
Outro dia eu estava arrumando meus livros e encontrei três pequenos cadernos, em forma de agenda. Neles, durante anos seguidos, eu colava poemas bem tímidos, frases, orações, coisas que fazia, se estava feliz ou triste. São coloridos e lindos e Rayna poderá guardá-los quando quiser mostrar os escritos de sua avó no futuro. Meu filho Rodrigo me dava de presente no Natal. Nunca mais eu vi este tipo de agenda. Enfim, descobri que muito do meu comportamento atual não mudou nada. Continuo a mesma sonhadora, boa e ainda muito inocente. Continuo acreditando no amor perene. Ainda bem! E hoje vou brincar de “Diário”.

Minha semana, diário querido, começa sempre aos domingos. Nega e eu criamos um hábito que não pode passar em branco. Todos os dias, bem cedo, conversamos no Messenger. Poderíamos falar ao telefone, mas o gostinho de escrever uma para a outra é mais emocionante. Aí, eu conto para ela tudo que eu faço, mas hoje vou partilhar um pouco, deixar algumas letras espalhadas.

Domingo eu acordei cedinho, li os jornais, não sem antes ter uma conversa com a Nina. A mesma conversa todo dia; pareço uma maluca falando com uma cachorrinha como se ela fosse gente.

- Nina, Bom dia! Você é bunitim? Boazim? Você gosta da mamãe? Ah que bunitim a minha pequenina. Bom dia, bom diaaaaaaaa! A mamãe ama elaaaaaaaaaaa...

A cada frase minha as orelhas ficam em pé. Só vendo para acreditar! Nina busca os jornais no elevador e sabe que não vou arredar pé enquanto não ler tudo. Fica debaixo da mesa, de onde recebe alguns farelos de pão e lambe os meus pés, um agradecimento humilde que somente os cães sabem como. (Ainda acho que os animais estão aí para nos mostrar muitas atitudes boas, que deveríamos adquirir como hábito obrigatório.)

Depois de escrever a crônica, falar com a Nega, tentei ir ao Convento. Já fiz isso várias vezes nos últimos domingos, sem sucesso. Ou subo a pé ou uso o transporte do lugar. Está cheio de turistas o meu cantinho preferido, onde eu deixo rolar lágrimas, busco inspiração e converso com Ela. Nossa Senhora está ocupada demais recebendo gente de todo o mundo. Deixo para depois das férias a minha visita e meu abraço vai esperar um pouco. Sei que Ela não vai sair de lá. Vim para casa frustrada; parei para comprar um queijo numa feirinha que tem em frente à subida do Convento, uma preciosidade!

Coloquei um maiô preto (só pra variar, é preto) e um vestidinho por cima e rumei para a praia. Tão linda a areia do meu lugar... Fica me esperando, apenas deixando que os grãos sejam trocados pelo vento e eu chegue para colocar meus pés sobre ela. Eu nem sei o que faria sem este sol que me aquece o pensamento e a alma. Barulho de ondas tímidas, casais calados, um ou outro vendedor de picolés, mineiros jogando peteca - (Que saudade das petecas!) – e eu sonhando.

Queria saber quando eu vou assumir as rugas aparecendo e os fios de cabelos brancos teimosos. Eterna menina, é difícil – mas não impossível - admitir que meu corpo não é mais o mesmo, mas mesmo assim vou agradecendo a saúde, a bondade, a fada e a bruxinha, a apaixonada calma e a furiosa passional. Sou todas e uma só ao mesmo tempo.

Segunda chegou, trabalho abençoado! De segunda a sexta sempre dou um jeito de sair depois do trabalho. Cinema, shopping, caminhada, andar com a Nina, qualquer coisa que me mostre que já é de noite e tem estrelas no céu. É nesta hora que eu fico feliz, porque venci mais um dia, a lua vai chegar e o sol vai brilhar amanhã bem cedinho.

Sou feliz à minha maneira e nesta maneira simples de ser até brinco de peteca na praia, acompanhando os movimentos das penas coloridas com os olhos.


 
Domingo de sol de fevereiro, 2011




   

Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 06/02/2011
Alterado em 06/02/2011


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