Invisível ou Transparente?
"Algumas pessoas nunca vão nos ver – isso não significa que não estejamos ao seu lado.” – Sue Bender
Enquanto esperava uma carona do meu filho, encontrei a vizinha do andar de cima. Ele sempre me chama a atenção pelas bolinhas de gude que ouço pulular pela casa. Nesta hora eu sei que o seu neto está de visita. Nunca fiquei zangada; pelo contrário. Silencio em demasia não é muito bom. Um baticum de vez em quando vai bem!
Comecei a escrever este texto há uns quinze dias. Sempre pensei no Invisível e no Transparente. Não quero demonstrar sentimentalismo nem as arestas que a invisibilidade acarreta. Muitas vezes eu quis ser invisível e outras, transparente.
Tenho uma sensibilidade alguns degraus acima de muitas pessoas com quem convivo e, muitas vezes, sou motivo de eterna má (e boa) interpretação. No Ano Novo, fiz uma pequena frase, para que uns digam “alô” aos outros, porque nesta época muitos se sentem mais solitários. Dizer “Alô” não é só uma forma de saudação telefônica... É partilhar e poder dividir nosso amor com quem precisa.
Ser invisível é ajudar as pessoas sem que saiamos gritando aos quatro cantos que “estamos ajudando, ó!”
Ser transparente é poder deixar-se ver do lado de dentro. É preciso muito exercício interior, é um abrigo para a fragilidade (ou fortaleza) que se esconde dentro do invisível.
Ser invisível é habitar o teto de um lugar, de um pensamento, de um perto ou de um longe; é poder abraçar a fé e ter a certeza de que ela vem de dentro para fora.
Ser transparente é fazer rir as pessoas, abrir os braços naquele abraço que somente nós sabemos dar. A grande afeição demonstrada nos abraços nos arrasta para o prazer de tocar as pessoas, de sentir o tanto de calor que ele emana, como a vida surge de um gesto de carinho. O afeto não corre risco algum.
Ser invisível é dar uma pausa para a calma. É criar um “mosteiro” silencioso dentro de nós. É o dom absoluto de sermos nós, é o espiritual que se instala, confortavelmente, dentro de nossa alma.
Ser transparente é operar maravilhas do saber e ter a consciência que aquele sol que nos abriga é morno nas horas amenas; que a chuva calma faz nascer as plantas.
De bom grado sou invisível e transparente. Sou invisível, por obra de Deus e sou transparente, por obra de mim mesma.
Primeiro domingo de janeiro, 2011
Imagem Google
Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 02/01/2011
Alterado em 02/01/2011
