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Textos


Vida é para Viver
Sunny Lóra
 

Hoje eu acordei com saudade do mar.

Eu adorava arrumar a cestinha com pão e mortadela, guaraná, bananas e bolos. Aquela toalha quadriculada e chamativa enfeitava a areia branca da Praia da Costa. O radinho de pilha acompanhava o barulho das ondas do mar, enquanto os meus meninos faziam castelos de areia.

A beleza do mar não mudou, mas a paisagem à sua volta sim. Este castelo de pedras e asfalto que circunda o mar tirou um pouco de sua beleza. Eu fiz muitos poemas, sentada na minha cadeira azul e branca. Antes desta transformação física da cidade, havia uma barraquinha especial, que eu amava demais. Ela era passagem para aqueles pensamentos que se formavam com força e aumentavam mais a minha imensa sensibilidade . Comprava uma garrafa de água e o cheiro de milho verde se espalhava, enquanto eu sonhava. Sonho bom não faz nenhum mal.

Muitas vezes eu fiz poemas em pensamento e deixava-os guardados em minha mente. Quando chegava em casa, corria para montar o jogo de palavras que se formava, enquanto eu olhava aquele céu de carneirinhos à minha frente. Todo meu...

A cidade cresceu, as regras de comportamento estão em todos os lugares. Parece que cada movimento que fazemos é vigiado por um olhar desaprovador. O respeito caminha londe de nós. Figuras de velhos são apagadas nos calçadões; muitas crianças viraram objetos descartáveis; animais são atacados por puro prazer de machucar.

A valorização da vida está nas grandes boas lições que cada um possui. Pode o mundo acabar e eu não mudo a minha maneira de pensar. Não suporto o “feio”!

A simplicidade é original, é bela e fica pra sempre. Não quero dizer que não devamos procurar melhorar o nosso cantinho, os nossos cabelos, usar roupas bonitas. Falo de algo muito maior; é o que está impregnado dentro de nós e não o que mostramos por fora.

Minha irmã Nega, personagem de muitas crônicas que escrevo, tem vivenciado  uma turbulência total em seus dias calmos. Agora, recuperando-se muito devagar, - um centímetro por dia - ela tenta recolher todos os momentos de grandes alegrias que viveu.

Nega aprecia muito as plantas exóticas. As orquídeas a fascinam e sua casa é cheia delas. Quando era mais jovem, visitava as feiras de flores para adquirir mudas, que hoje enfeitam o oásis do seu mundo. A casa pequena e simples se perde no meio de tantas plantas. No meio do quintal, um ipê rosa cresce e eu me assusto com o seu tamanho a cada vez que vou visitar a minha irmã. Uma pequena gruta abriga Nossa Senhora. Agora ela construiu um laguinho, já com alguns peixes. As ervas, minha grande preferência no mundo verde, reinam nos seus canteiros bem cuidados.

Nega dá tanto valor à pequenas coisas que surpreende com frases que nunca pensei ouvir. As entrelinhas de suas palavras dão sentido à plenitude da vida e na eterna esperança de sorrir sempre – e de novo, mesmo que  seu sorriso de hoje ainda seja um pouco tímido.

Há poucos dias ela ganhou mudas de “bastão do imperador”, uma flor exótica linda. Durante um bom tempo procurou um lugar pra plantar a bela flor. Ontem ela revirou os canteiros e fala disso como se o seu mundo dependesse das suas cores róseas para dar continuidade à vida. (Eu acho que é assim, sim.) Antes de ir ao sol de Camburi vou passar na feira e procurar algumas plantinhas para enfeitar a minha. 

A vida é para viver nas pequenas “partículas” que nos fazem felizes. Momentos que jamais serão apagados...

 
Bom domingo!


 
 
 
 
 
Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 21/11/2010
Alterado em 29/12/2010


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