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Dez de outubro de dois mil e dez!

 
Eu tenho umas manias que não copiei de ninguém. São características de minha maneira de ser. Eu sou assim, meio mística, meio moleca, meio ajuizada demais ou sem juízo algum, impulsiva, sensível demais. Eu me divido perfeitamente dentro do que eu sou. Metades inteiras!

Sempre que me vejo numa situação de tristeza ou solidão, eu converso com Alguém que esteja num nível superior inalcançável para os meus olhos e toque. Peço, com a carinha da criança que eu fui, que eu seja retirada do ultimo lugar da fila e seja atendida, de alguma forma. Isto de ficar esperando a vez cansa, machuca os meus olhos, fico entediada, nada está bom. Mas é assim com todo mundo! Ainda bem que é... Senão eu ia me achar diferente.

Quando tenho crises de enxaqueca, uma das sensações físicas que requer paciência e abnegação, pois sei quanto tempo ela vai durar, é quando eu coloco a minha mania preferida pra funcionar. De olhos fechados, desafio a matemática, a matéria que eu nunca soube entender quando estava na escola. Começo com contas de somar de três dígitos. Depois vou aumentando, enquanto as estrelinhas da crise de enxaqueca com aura brilham com uma velocidade vertiginosa nos meus olhos. Fico feliz da vida em descobrir que posso fazer contas com o pensamento e que posso vencer a crise chata. É apenas uma mania a mais e logo estarei “normal” novamente. “De louca não tenho nada”, como já dizia alguém no passado.

O que teria isso a ver com o fato de ser o décimo dia do décimo mês do décimo ano depois de dois mil? Pra mim, muita coisa. Sem superstições, eu dizia para meu filho número um:

-  Hoje eu tenho 20 anos e tive você. Daqui a dez anos eu terei 30 e você 10. Quero viver muito para ver você com a idade que eu tenho hoje, porque a diferença entre nós é tão pequena...

Éramos duas crianças. Eu me lembro que ia pra faculdade com aquele menino de olhos verdes, carequinha louro no colo, levava um carrinho de bebê dobrável, não tinha medo de andar de ônibus. Nada me impedia de fazer as coisas que gostava e precisava. Ele ficava quietinho do meu lado na sala de aula e eu dava água, biscoitinhos e um carinho. Assim, a aula corria bem depressa. Na volta, sempre tinha algum amigo para nos dar uma carona. O chato era ter que lavar a capinha do carrinho, que sujava demais com a poeira das ruas.

Eu queria que (hoje) fossem ainda aqueles dias, tenho saudade de um tempo que foi pleno. Não existiam celulares, torpedos, internet. Mas havia o almoço em família, passeios incríveis nos domingos de tarde. Eu adorava usar uma varinha de uma árvore que não se quebrasse e fazia com que ela me guiasse nos passos, marcando o caminho de terra. Era mágico ver a varinha pululando e eu a guiava como quem estava pilotando um avião!

Enquanto escrevo, o rádio está ligado bem baixinho, e além da musica e do barulhinho constante e gostoso do ventilador de teto, Nina está latindo para o nada, da varanda aqui de casa. Se Nina fosse mais educada, eu bem que podia colocá-la dentro do carro e levá-la a lugares bem legais. Se eu bobear, ela dirige o carro pra mim!

Tenho certeza que amanhã o calendário vai vencer mais um dia. Logo as lojas estarão enfeitadas com a breve chegada do Natal, aquele cantinho da praia que eu amo está lá, à minha espera. Em poucos dias teremos uma nova pessoa para guiar nosso país sofrido e alegre ao mesmo tempo, coisas muito boas vão acontecer e outras nem tanto.

Enquanto houver a vontade de vibrar com a existência da vida, vou fazendo aniversários e me conformo, humildemente, com a resposta de Alguém maior que eu: - Tenha calma, aceite seus momentos na terra, sejam eles quais forem e trate de se ajeitar aí neste lugar da fila, porque ele é só seu e de mais ninguém.

Ele está certo! Cada momento é só nosso; não podemos viver a vida do outro.

 
Bom domingo!



Foto: O vale do Canaã, lugar onde eu caminhava com a varinha que pulava. 
 
 
Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 10/10/2010
Alterado em 29/12/2010


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