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Textos





As árvores de Peticov





"Sê bom. Mas ao coração, prudência e cautela ajunta. Quem todo de mel se unta, os ursos lamberão." - Mário Quintana
 
 
Por que ficamos sozinhos; por que ficamos doentes; por que o mundo tem absurdos que não podemos mensurar;  por que as crianças e os velhos são os que mais sofrem;  por que existem diferenças sociais imensas;  por que o homem adora destruir a natureza;  por que o amor está se esvaindo de muitos corações;  por que chove onde não deve chover e faz sol quentíssimo em lugares que já são quentes; por que o sertão está querendo “virar mar”; por que o dinheiro, poder e a fama estão invariavelmente em primeiro lugar na vida de tanta gente; por que o homem se afasta de Deus;  por que se nega a dar uma ajuda, por mais fácil que seja; por que inocentes morrem e tantos,  literalmente maus, estão bem e os bons estão levando bordoadas de todos os lados... Ficaria aqui escrevendo páginas e páginas, juntando os meus questionamentos e os de um grande número de pessoas, ainda.
 
Ao fazer a minha inscrição num curso que eu estava querendo há muito tempo, reparei que os quadros de Peticov estão em grande parte dos escritórios e consultórios. Além de sua beleza estética, um deles me chamou a atenção, cuja ilustração eu fui buscar onde é permitido e aqui está. As árvores do artista tem cores, assim como as fases de toda a nossa vida também. Sem querer colocar uma cor à frente da outra – porque não importa a ordem que elas aparecem pra mim, penso em minha infância, tão plena, inocente, boa e rica de memórias, que jamais serão apagadas de meu coração.  

Vi uma menina de mãos dadas com a mãe e a garotinha usava um vestido branco com florzinhas coloridas. Impressionante como eu liguei o vestidinho da menina ao meu. Naqueles anos de minha infância, que já vão para o livro de recordações da vida, a inocência era nata, bela, forte e mansa. Vi um homem imenso na fila do supermercado. Do mesmo modo que a menininha me chamou a atenção, fiquei imaginando como a vida passa para todos, seja a pessoa “pequena ou gigante”.

 
As árvores mais lindas são destruídas com a força de tempestades, ventos, tratores, serras elétricas. As vidas também. Não existe mais diferença entre ser bonito ou feio, bom ou ruim. O homem chegou ao seu ápice de insanidade, busca de poder, falta de respeito. Ainda bem que ainda existem algumas “árvores” que continuam firmes, belas e coloridas. São elas que vivem a esperança e a bondade e espalham amor e são tão simples que nos enternecem. É verdade... sinto o cheiro de pessoas assim de longe! São como as frutas frescas recém colhidas, como as  simples margaridas ou sofisticadas orquídeas que enfeitam nossas mesas aos sábados. 
 
Pra que sejamos melhores do que fomos ontem; acho que é isso. Para que o vestidinho da menina continue intacto em sua inocência, para que o gigante possa ser grande também na alma, para que as árvores sejam mais coloridas que as da tela, para que Deus exista no coração de tantos que nem sabem Dele, para que haja respeito por quem é limitado mental e fisicamente, para que os velhos possam sentir-se fortes, mesmo com o uso de uma bengala. Não importa, cada dia é um aprendizado...
 
 Não questiono mais o “por que” e sim o “pra que.”


 
 
 
Bom Domingo!
Para os Tios Didi e Maria – e todas as árvores que nasceram dos dois, nos cinqüenta anos de puro amor e respeito com todos.



Ilustração : Antonio Peticov-Googlesearch

Esta é a minha centésima crônica publicada.  Mesmo que nem todos apreciem o que escrevo, “Sempre aos Domingos” é uma benção em minha vida. 
Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 11/07/2010
Alterado em 29/12/2010


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