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Textos


Suas vidas sem mim
 
 
Se você foi embora de mim, não era amor. (Sunny Lóra)
 
 
Mais um domingo. Acabei de chegar de minha terra, depois de abraçar Nega, recuperando-se de sua cirurgia, ajudar mamãe a descer as longas escadas da casa de meu irmão e cantar parabéns para o primeiro aninho de Ana Clara. Sempre tudo perfeito, maravilhoso demais estar entre os meus “amores de vida.” A fotografia, minha companheira depois das letras, encheu a minha câmera de orquídeas, árvores, grama verdinha, bolo de aniversário, docinhos, rostos lindos.
 
Quando eu me vi sozinha, num tempo que hoje passa furiosamente, pensei seriamente que não fosse sobreviver. Minha vida virou de ponta cabeça; de uma estrutura que levei anos para montar, ruiu inteira, imponente e cruel, como um jogo de dominó cuidadosamente montado, derrubando a primeira pedrinha e todas as outras que a seguem. A solidão chegou e não foi de mansinho. Veio como um rio transbordando em dia de muita chuva.  Pensei que aquela era a hora de fazer uso de minha fé e tudo que meus pais me ensinaram. Confesso que muitas vezes eu nem lembrava como era a voz deles, pois estava surda, cega e muda para uma prova de vida que não tem como se medir.

É preciso que aprendamos a entender o que é perda ou somos nós que nos perderemos no meio de tantas perguntas, tantas culpas que nós nos atribuímos e que nunca as tivemos - ou pelo menos a grande parte delas.

 
Pesei tudo, libriana que sou. Eu me perguntei muitas e muitas vezes onde havia errado, se achava que havia cumprido o meu papel de filha, esposa, mãe...Achava que tinha feito tudo direito, que havia seguido a receita passo a passo e que seria relativamente feliz, como a maioria das pessoas do nosso mundo. Mas então, perdi... (ou me perderam, hoje bem sei.)
 
Podemos “adorar” uma pessoa, admirá-la com força, ternura e precisão. Podemos nos lembrar dela todos os dias, rezar por ela, ajudar em tudo que nos for possível. Podemos ligar, dar “Bom dia”, gravar uma música bem legal e dar-lhe de presente. Podemos fazer até um poema ou falar-lhe coisas gostosas ao ouvido (e à alma). Podemos segurar-lhe a mão quando fica doente, dar-lhe banho e comida na boca, se for necessário... Mas não é bem assim que a vida foi me mostrando. Para que tudo funcione (e ainda assim corremos riscos imensos de errar) é necessário que haja amor recíproco. Amar sozinha não tem nenhuma graça. Não... sem amor nada funciona: sem copiar a letra de música tirada da Bíblia...
 
Bem sei o significado do amor em minha vida. Muito mais, com este tempo que eu chamei de furioso no início deste vagar de pensamentos, aprendi que existe um só lugar para o amor verdadeiro em qualquer coração. Ninguém ama duas vezes. Falo do amor entre um homem e uma mulher. Podemos ter centenas de relacionamentos especiais, mas amor mesmo, sómente um.
 
Pegar o rumo certo da estrada, prestando muita atenção às curvas e buracos e ainda se deliciar com uma natureza deslumbrante à sua frente. Poder ter David e Ana Clara, Gabriel e Lara, Luiza e Olivia, Rayna, Dante... Poder tirar a foto do pezinho de Ana Clara é como se deliciar com um pudim de leite condensado depois do almoço de domingo. Identificar o “pé da serra” e o “cume da montanha.”

É redescobrir a vida, mesmo que ainda sobrem lágrimas teimosas e um sorriso calmo surja em seu rosto, sem que tenha sido provocado por outra pessoa - e sim por si mesma.
  Vivenciar os “outros amores” é uma forma de compensar a idéia de achar que perdemos aquele que amávamos... Ou não.
 
 
Bom domingo!
Foto do chapéu que eu montei.


Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 11/04/2010
Alterado em 29/12/2010


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