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Cheiros que envolvem
 
 

Cá pra nós... Tem coisa mais gostosa que o cheiro de um sabonete delicioso vindo de outro andar? O meu escritório fica sempre com as janelas abertas, de onde eu vejo edifícios bonitos, casas com jardins, um morro (aquele que eu conto as luzes acendendo e apagando) e um céu de dar suspiros, de tão lindo que é.
 
Este cheiro fantástico de banho que me chega todos os domingos de manhã, limpa meus pensamentos... ah, se limpa! Dá-me a impressão que a vida é definitivamente a melhor coisa que foi inventada, “desde que ela começou”!
 
As pessoas deixam seus cheiros em cada pedacinho da nossa. Quer ver só? Duvido que a gente não se lembre do cheirinho de fralda de pano que envolviam nossos filhos... E aquele cheiro de pinho em noites frias de velhos natais?... A sopa de feijão, temperada com alho e cebola e sobras de legumes do almoço... a vela acesa em dia de igreja... as flores (danadinhas de margaridas pequenas) que enfeitam a nossa casa... o cheiro da feira da cidade pequena... o pão fresquinho com manteiga da padaria do bairro... e o café! E de confeitos de aniversário: cocadinhas, docinhos de mamão com cravos (cheirosos), bolo enfeitado com anilina de todas as cores... Cheiro de uniforme novo, caderno novo... chuva fraquinha molhando a poeira... alfazema (eu tive um pé de alfazema um dia). Leite de Rosas! Vou ficar aqui enumerando cheiros até amanhã.
 
Não adianta... o cheiro que me persegue hoje é o do sabonete de algum andar do meu prédio.
 
Minha avó Cecília tinha um cheiro especial. Eu adorava. Ela cheirava a banana madura! Vestia longos vestidos e penteava seus  cabelos silenciosamente e muito devagar. Fazia um  rabo de cavalo e depois ia formando um coque. Você já sentiu cheiro de banana madura “debaixo da casa”? As casas tinham a parte de cima, onde uma escada levava à sala , cozinha e quartos, com uma varanda circundando a casa inteira. Mas “debaixo da casa” tinha a máquina de moer café, a lenha cortadinha para o fogão, as vassouras de feitas de galhos... e as bananas, impassíveis, penduradas no teto de “debaixo da casa”. Minha avó adorava me dar bananas maduras. Ela as amassava por um longo tempo – que a minha impaciência não suportava esperar – e depois colocava um pouco de mel e aveia. Tinha um cheiro... ah, que cheiro bom... igualzinho ao do banho que estou sentindo.
 
Ao sabonete do andar debaixo, às boas recordações de outros cheiros... Nada se compara ao cheiro do amor da gente! Né que é  mais apurado? Cheiro que fica dias e dias bem aqui, olha... E não sai nunca. É cheiro de amor, mesmo...
 
 
Bom domingo!
Foto ilustrada by googlesearch


 
 

Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 17/01/2010
Alterado em 29/12/2010


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