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“A origem de muitos medos está no momento 
em que nos reconhecemos menores que nossos sonhos e anseios.”

Citação em “Carta entre Amigos” – Fábio de Melo e Gabriel Chalita

 


 
Meu café esfriou!
 
 
Só fui saber que Fernando Pessoa  também sofreu por amor(*) e talvez não tenha conseguido atravessar esta dor há pouquíssimos tempo. Ficamos tão centrados em nossos próprios problemas que nos esquecemos do nosso próximo. Pra superar alguns desses "dodóis" eu me mantenho ocupada o tempo todo, sempre com coisas boas... será que ele também fazia como eu? Pelo menos eu tento! Um dia vou conseguir, ah, se vou!

(*) Por "amor" entenda-se que não necessariamente é amor de homem e mulher.

 
Quando eu tenho tempo, procuro seguir uma rotina diferente, pra que eu possa ver coisas novas, pessoas (eu adoro pessoas - e animais, é claro!) e situações – as engraçadas e pitorescas eu gosto; as tristes, não. Passei por problemas pessoais nos últimos três anos que poderiam valer por uma vida inteira. No entanto, sou uma pessoa pra cima, alegre e sempre muito disposta a sublimar. Uma das coisas que eu adoro fazer é parar nos cafés. Os sofisticados me fascinam, pelo cheiro pitoresco, pelas roupas dos garçons, pelo carinho ao desenhar fitinhas de chocolates em cima dos cafés, cuidadosamente preparados. Os simples me fascinam do mesmo jeito, porque atrás de mim, de repente, ouço de um menino simpático um “me dá um copo de água aí, ó” com a mesma sofisticação que peço o meu capuccino ao creme, sem esquecer do biscoitinho pra enfeitar, que certamente vai matar a minha fome!
 
Foi num desses cafés que eu encontrei uma pessoa incrível. O sorriso dele chamou-me a atenção e pensei ser paulista (o sotaque paulista é simpático demais, sem desconsiderar todos os outros brasileiros). Em segundos estávamos falando sobre todos os tipos de cafés e chás existentes na terra – e na minha casa e na casa dele também. Consegui sentir o cheiro de canela,  tal o cuidado que ele teve ao me explicar como se tira a casca do pé de canela.  Eu tenho pequenos pés de arruda, cidreira, boldo, cebolinha... e todos os dias faço uma inspeção cuidadosa na turma. E assim ficamos conversando. Eu nem via o tempo passar. Seus cabelos brancos me ensinavam cada palavra como se fosse a primeira vez que a escutava.
 
Mas como nem tudo é tão bom assim... Do nosso lado, uma outra pessoa pediu um café. A princípio, muito quieta, mas eu observava que ela prestava atenção em nossa conversa. Em segundos estava entre nós dois. Em segundos contou a sua vida inteira. Em segundos tocou no braço do meu novo amigo. Em segundos não permitia mais ninguém falar. Só a voz dela era ouvida. Em segundos foi me empurrando, devagar, para fora da conversa e da vida do meu novo amigo.
 
Eu fiquei tão acuada ( você também ficaria e faria a mesma coisa que eu fiz) que eu me despedi dele, com uma carinha tão triste de dar dó! Meia hora depois, eu vi um casal passando... era o meu amigo e sua nova amiga.

Que pena... nem o telefone dele eu consegui pegar. Meu café esfriou...

 
 
Bom dia!
 
 

 
 
 
 
 

Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 22/07/2009
Alterado em 02/01/2011


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