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Textos


As travessuras do Mário

 
Naquela Santa Teresa da nossa saudade, muitas pessoas engraçadas e simples passaram por nossas vidas! - Motivo de muita ternura e eterna lembrança que nunca vem sem um sorriso ou uma sonora gargalhada...

Entre essas pessoas, havia o Mário, meu vizinho de muitos anos. Ele tinha uma pequena deficiência mental e somente falou depois de adulto. Sempre foi franzino –  se desse um vento mais forte, o Mário era literalmente carregado por ele!

Tinha uma horta onde plantava chuchu, alface, cebolinha, salsa, rabanete, cenoura, couve, tomate. Amava a horta como a uma filha. Cuidava dela dia e noite. Dona Emma, sua velha mãe, supervisionava o trabalho dele e nunca o deixava sozinho. Mulher sábia, querida e boa, aquela!

Um dia o Mário conheceu uma moça, apaixonou-se e casou! Todos ficaram muito felizes com a alegria do nosso amigo. Levavam uma vida simples e davam-se muito bem...mas faltava algo. Um dia, uma menininha sem pais foi-lhes entregue, ainda bebê. Ele mostrava a filha com orgulho e dizia que ela  parecida com ele. Ele tinha orgulho de sua filha. Dizem que quando o amor que sentimos é verdadeiro e forte, mistura-se até os nossos genes e as crianças que adotamos passam a ser parecidos conosco. Isso é a mais pura verdade... A menina tornou-se uma mulher e cuidou dos pais com muito carinho, com o passar dos anos.

O Mário e sua esposa tinham apoio total da família e todos gostavam muito dele, seus irmãos, sobrinhos e amigos. Tinha uma personalidade forte e era muito divertido. Quando zangado era melhor não provocá-lo! Fumava de dar gosto, isto lhe trouxe uma tosse constante. Bom... mas isto não vem ao caso...

Ele aprontava muitas brincadeiras e particularmente gostava de brincar com um amigo e sempre que podia gozava a cara dele. Dizia pro amigo, que era casado e gostava de tocar violão na beira da estrada:

- Ah, você é um bobão  a ficá tocanu violão na beira da istrada! E eu ficu lá com sua muié, e atocho tudo!

O amigo gargalhava a cada vez que o Mário lhe falava, porque ele fazia “aquele” gesto com o braço, peculiarmente um teatro perfeito do Mário. Todos  sabiam que era apenas uma brincadeira feita com gosto e sem maldade -  e a repetia com mais gosto ainda. Era só pedir e ele estava pronto pra fazer o gesto e falar, depois ria muito dele mesmo, do que falava.

Ele andava com um gingado engraçadísimo e saía dando sonoras gargalhadas, deixando o amigo tocando seu violão.


Pessoas como o Mário fazem falta hoje em dia. Tudo está tão corrido e as pessoas não estão prontas para brincadeiras deste tipo. Ele era querido onde fosse, porque o seu sorriso de menino maroto enchia-nos de ternura.

Saudades do velho Mário que, com sua deficiência, passava para todos nós que ser diferente é normal!
 
(Um conto de Maria Cecília Sancio Lóss, com um pitaquinho da Sunny Lóra)
 

 


Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 18/07/2009
Alterado em 20/10/2011


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