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Textos


Divã de todos
 
 
Ri  e chorei com a performance da Lilia Cabral, na versão para a tela do trabalho magnífico de Martha Medeiros.

Lilia tem uma suavidade que poucas mulheres tem, até quando está zangada ou triste. É impossível não gostar dela. Contar detalhes do filme seria muita ingenuidade minha, porque gostaria que as pessoas fossem ao cinema pra conferir... o que eu quero falar é do divã e como este sofá faz parte da vida de tantas pessoas.
 
Eu mesma sou uma visitante mensal a este lugarzinho confortável, onde reciclo muitos dos meus sentimentos, analiso situações, brinco e choro, discuto filmes e livros, falo de flores e dores, choro de rir das bobagens que fiz por impulsividade, quando dou uma voltinha no passado...
 
Os analistas são pessoas como nós (redundante!) e evitam conviver como amigos pessoais dos seus pacientes, o que concordo plenamente, pois não se pode misturar amizade com profissionalismo. Eu posso ser amiga do meu cardiologista, do meu endocrinologista, dentista... mas do analista, não. Já pensou, e se a gente descobre que eles choram ou riem como todo mundo... que tem problemas, que adoram viajar, dançar, são pais e tem amigos, ou são solitários... não daria certo... É um trabalho cansativo e difícil, por vezes. Quando o meu pai ficou gravemente enfermo, eu procurava a minha analista semanalmente. Nada me convencia que o meu pai estava com a sua estada conosco no final. Eu queria entender, aceitar... e se não fosse a sua leal ajuda e disposição pra ouvir, eu não teria reagido tão bem quando ele se foi, numa tarde de sábado, apesar do chão ter me faltado muitas vezes depois deste dia e muita coisa ter mudado radicalmente depois que ele se foi. Papai não viu a chegada de Anna Clara, de Dante, de Olivia, de Davi...mas nunca esteve tão presente em nossos pensamentos como agora.
 
Eu não tenho vergonha de dizer que visito o divã. Tem gente que esconde as suas fraquezas, as suas vitórias e derrotas. Eu não. Sou transparente como vidro limpo de janela em dia de faxina.
 
Eu amei o filme... nem me dei ao trabalho de comer a pipoca, que ficou esquecida na cadeira do lado. Amei partilhar risos, momentos de reflexão e de quietude dentro do cinema.
 
Deu até vontade de mudar algumas coisinhas... repicar o cabelo, talvez...
 
 
Bom domingo!
 
 
 
 
 

Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 26/04/2009
Alterado em 03/01/2011


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