Voando com o Gazolli
A evolução dos tempos trouxe muita informação. É legal.. mas acabou com a simplicidade que havia no passado. Temos exemplos de pessoas que viveram simples e morreram simples, sem conhecer nada e eram felizes, a seu modo..
Em nossa terra havia uma família de sobrenome Gazzoli. Era uma família de poucos membros. Não tiveram filhos e viviam como se nunca tivessem conhecido algo de novo. Se formos mensurar simplicidade, esta era uma família que alcançava todo o significado da palavra.
Um deles, o velho Gazolli, morava no alto do morro do Caravaggio, onde plantava e colhia o suficiente para sobreviver .
Vinha para a cidade todo fim de semana a pé e com um saco de trigo vazio nos ombros já cansados. Fazia suas compras na vendinha de nosso pai, simples comerciante de secos e molhados.
Gazolli comprava trigo, sal, açúcar, fumo de rolo, querosene e outras coisas mais que não eram colhidas em sua pequena propriedade. Comprava e não pagava, só iria acertar as contas no fim do ano, na colheita do café e nosso pai nunca deixou de receber o pagamento a cada final de ano.
Depois de guardar as compras cuidadosamente, ele colocava o saco nas costas e de pé ficava o resto do dia proseando. Podia deixar o pesado saco de trigo de lado, mas não desgrudava dele, deixando que ele tivesse cada vez mais a certeza que estava cheio de alimentos e coisas que necessitava ... que ninguém iria tirar dele.
Ele não se cansava e no final do dia pegava o rumo de casa. Mas não acabava aí a sua maratona, pois parava sempre que encontrava um “cumpade” para colocar em dia a prosa e os acontecimentos.
Entre um cigarrinho e outro que pitava, ele ia sonhando com emoções fortes. Por exemplo a de voar.
Dizia sempre:
- Se o passarinho voa, porque eu não posso?
E assim foi alimentando seu sonho. Pensou, e repensou como faria para concretizar seu ato de voar. Uma noite de lua cheia, ele olhando pra ela, tão linda, que só no interior existe - porque a lua do interior tem mais brilho... chegou a uma conclusão lógica!
Cortou duas folhas de zinco no formato de asas, amarrou-as nos braços e subiu bem alto. De lá abriu os braços e se jogou pro voo de sua vida. Em baixo havia um pé de mexerica, aquele bem cheio de espinhos!
No outro dia ele encontrou um cumpade, estava todo arranhado, machucado mesmo. O cumpade, assustado perguntou:
- Cumpade Gazzolli, o que aconteceu? Brigou com um onça?
E ele, o nosso querido velho Gazzoli, com sua voz pausada e forte, disse:
- Voar é bom mas o difícil é aterrissar.
Nem sempre nossos sonhos de voar alto, nos coloca com os pés no chão e seguros, precisamos calcular nossa subida e muito mais a descida... Senão acabamos como o velho Gazzoli, todo machucado, o coitado!
Parceria de menos de um por cento de Sunny com Maria Cecília Sancio Lóss.*
* Maria Cecília é a mais velha de uma turma de cinco irmãos. Trabalha no TRE-ES há mais de trinta anos. É bonita, faceira, alegre e muito inteligente. Tem quatro filhos, todos com habilidades artísticas. Nega, como é chamada por todos, é popular e sempre escreveu tudo que se passa em sua mente, desde menina. Poderia dizer que Nega, nossa irmã querida, complementa Sunny e vice-versa... Mais falarei, no futuro...
Imagem: net search
musica do site : CHARRIOTS OF FIRE - VANGELIS
Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 21/03/2009
Alterado em 01/01/2012