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Textos


A festa no Paiol
 

Mais um conto que conto!
 
Córrego do Espanhol é um lugar bem dentro da mata... lugar bonito e especial. Os imigrantes italianos costumavam fazer festas nos sábados, depois de uma semana de muito trabalho. Moravam uns aqui, outros lá, distantes um dos outros... não havia telefones, nem veículos, nem energia, nada, mas a notícia das festas chegava logo!
 
Acho que os convites eram feitos em lombo de burro, porque todos compareciam nas  festas, que se realizavam na casa de um compadre, escolhido para aquele dia. Cada família levava comida, lamparina, cachaça, não tinha cerveja, imagina! Não existia gelo... Então a branquinha era pura e descia bem!
 
As crianças eram colocadas para dormir num quarto, em colchões de palha de milho bem picadinhas, eram fofinhos e dormiam como anjos, enquanto seus pais se divertiam até de madrugada.
 
Moravam neste pequeno lugar meus tios, Tia Coisa e Tio Coiso. ( Conto o pecado e não o pecador, - ( que pra mim nunca foi pecado... risos) -  que eram modernos demais, acho que até pra nossa época ...!)
 
Os dois combinaram o seguinte:
 
- Tia Coisa, vamu nus divertir, aqui sumos marido e mulher, mas na festa sumos livres pra fazê o que der vontade.
 
A tia coisa gostou do assunto e lá foram eles. Foram juntinhos e levavam com eles os filhos que eram pequenos. Chegando lá, as crianças foram colocadas no tal quarto e dormiram logo. A sanfona começou a tocar e o forró comeu solto! Um gole aqui e outro lá ... e os tios Coisos já estavam altos! Cada um dançava, fazendo com outros, pares diferentes.  Na festa eles nem se olhavam, se bem que a lamparina era fraca e não dava nem pra se ver direito.
O negócio tava era bom, saía poeira do chão e quando os ânimos esquentaram, cada um tomou o rumo do que haviam combinado.
 
A festa acabou e o Tio Coiso e a Tia Coisa voltaram pra casa, “pra lá de Bagdá”  sete quilômetros, de fogo e satisfeitos...  porque a noitada tinha sido boa!
 
No dia seguinte,  não comentaram nada sobre a festa. Mas o tio se coçando todo...
 
-  Veia,  sabe aquele paió, perto do galinheiro, pois é! Tava cheio de piolho de galinha. Acho que passei os piolhos procê também, pois se coça tanto
 
- Não, Véio, é que tive lá tumém!
 
Cairam na gargalhada e o tio falou pra tia:
 
- Véia, tem um cumpadre e uma cumadre que deve de ta  se coçando e muito tumém! Vamu pra reza e lá no capitel vamu ver quem se coça e ai vamu saber com quem dividimos as paiás do paiol.
 
Eita casal arretado!
 
E daquele dia em diante o combinado passou a ser rotineiro nas festas que eles iam.  Mas no paió nunca mais, mudaram pra debaixo do pé de café, onde não haviam piolhos!!!!!!!
 
Ah!, esqueci de dizer que descobriram o cumpadre e a cumadre que lhes fizeram companhia no paiól.
 
Agora me pergunta se rezaram???????
 
 
(Parceria magnífica de Maria Cecília Sancio Lóss)
 
 
Tio Coiso e Tia Coisa eram amados por todos, pela alegria e transparência, cumplicidade de vida de mais de 60 anos juntos, cada um respeitando o seu espaço... Risos!
 




Imagem: Google search


Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 21/02/2009
Alterado em 20/10/2011


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