Uma viagem no tempo
Deixar uma cidadezinha do interior e vir morar na cidade grande era um desafio para poucas pessoas. De Santa Teresa, a cidade onde nasci, eu me lembro de tudo que vivi – intensamente - por muito pouco tempo. Tenho raízes fincadas naquela terra. Minha família inteira mora em Santa Teresa. Estamos afastados apenas por uma hora de carro, numa viagem gostosa, deixando o mar de Vitória e subindo a bela serra, rodeada de orquídeas e pés de “beijos”, uma flor que adora a beira das estradas da serra, com sua neblina que é um fascínio para os olhos e a alma.
Santa Teresa é linda, fagueira, cheirosa, extravagante, simples, sofisticada, amiga, escandalosamente italiana, há 135 anos.
Minha amiga Sandra Gasparini escreveu um livro, (*) que foi lançado há poucos dias, onde conta e nos apresenta 280 páginas e centenas de fotos para conhecer a vida dos nossos antepassados na luta pela sobrevivência.Como bem o disse o jornalista Ronald Mansur, “Sandra, com tranqüilidade, nos mostra e dá vida a fotos de arquivos pessoais, que sem a sua ação permaneceriam guardados nos baús familiares”.
Os caminhos percorridos pelos imigrantes são deliciosamente contados pela autora, em três capítulos. A ansiedade que estou sentindo em manusear este belo livro é o tamanho da saudade que todos nós, teresenses ausentes, não podemos mensurar.
Fico imaginando o que as pessoas que moram longe sentem, assim como eu... a grande emoção de lembrar a terra natal e tantos momentos bons vivenciados. O lugar de onde viemos é a referência que teremos por toda a vida. Eu nunca vou deixar de ser a garota que andava descalça nas ruas daquela terra.
... os morangos que a família Pretti plantava em seu pequeno jardim. Eu ficava de olho só esperando o morango despontar, debaixo das folhas. Na primeira oportunidade, lá estava eu babando pelo morango.
. Uma das coisas mais legais que a gente fazia era aquele conjunto de pequeninos descalços catando tanajuras nas ruas daquela terra. Era uma festa linda dentro e fora de nossos corações. Ver as tanajuras passeando na cidade, anunciando a chegada do verão e a competição entre nós, pra saber quem foi agraciado pela tanajura maior de todas.
... os uniformes cerzidos, os pães feitos em casa para levar de merenda... a sopa quente do final de tarde... o mate queimado nos dias de frio.
Poderia escrever trezentas páginas, mas fico por aqui, com saudade das tanajuras. Bem feito pra mim!
(*) Santa Teresa – Uma viagem no tempo” – Sandra Gasparini, 280 pgs, Editora GSA, 2008.
Foto: a pequena cidade, vista do alto.
BOM DOMINGO!
Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 26/10/2008
Alterado em 31/07/2010