Voltar pro meu planeta
Toda vez que saio de casa, procuro por boas experiências.
A primeira chama-se Jucilaine.
Ela é pequenina, apenas seis anos. Fiquei olhando para aquela garotinha, na fila do supermercado, com dois pacotinhos de macarrão instantâneo nas mãos. Eu estava na frente.Olhei para ela e disse:
- Quero que vá ao setor de biscoitos e pegue o que mais gosta.
Algum tempo depois, ela voltou. Antes, parou no meio da grande loja, esperando o meu sinal. Trouxe com ela um pacotinho pequeno, de biscoitos, o mais simples que tinha.
Sorriu pra mim, feliz, com o nariz pingando um monte de gripe.
A segunda, uma mulher bonita, com um anel enorme no dedo indicador, cheio de brilho.
- Não consigo dormir – disse ela. – Tem um passarinho que me acorda todo dia. Ainda mato esse bicho.
- Mas o que acontece? – perguntei.
- Ele grita e grita e não me deixa dormir...
Perguntei de novo... – Você já reparou se existe algo para que ele chore tanto?
- Ah, acho que já sei, disse ela.Tem um ninho de sabiá bem em cima de minha janela...
- Então... – disse eu. Quem sabe o sabiá está protegendo os seus filhotes?
- É mesmo... Como sou idiota! Bem que meu cachorrinho me disse... Mãe, espera... vai passar.
De novo, ganhei um sorriso.
Vim embora entupida de Nana Mouskouri cantando pra mim – eu amo a Nana.
E quando resolvi assistir um filme, conheci uma mamãe camelo que chora... teve um bebê albino, que não o aceitava...
Só uma música tocada com amor fez um milagre.
Juro que vi a mamãe-camelo chorando, ao receber seu bebê no seu ventre cheio de leite.
Hoje é domingo e faz frio na minha Ilha do Sol.
Abraço Jucilaine, a mulher do pássaro e a Mamãe-Camelo.
De longe, ouço uma música, ao som de sax.
Já não sei mais classificar os textos.